Recorte revista "Profession Textile" 1988
Desfile, por Ana Salazar, Inverno 2011
Pioneira da moda em Portugal, a carreira de Ana Salazar atravessa os últimos 40 anos da história do país. Passa por dois regimes políticos, pelas vicissitudes de sucessivas crises, e projeta Portugal além fronteiras, sobretudo nos anos 80-90, como um país moderno, cosmopolita e inovador. A moda começava a espelhar as novas atitudes e mentalidades: os padrões coloridos, os estampados, o unissexo, os motivos étnicos, as maquilhagens psicadélicas... e constituíam objeto de interesse para Ana Salazar, que os traz para o contexto nacional, em arrojadas peças de vestuário e acessórios que rompiam com o cinzentismo e conservadorismo vigente. A estilista explorava o oversize, as sobreposições, assimetrias e volumes fluidos, numa gramática muito própria, representando o nome de Portugal nas décadas seguintes.
A 19 de Julho de 1941 nasce em Lisboa, e cresce num ambiente matriarcal e artístico. Contacta desde cedo com o léxico da moda, explorando plissados e drapeados, as potencialidades dos volumes, o “cair” de cada material. Mostra desde cedo uma sensibilidade na conjugação da cor com a forma, encontrando na roupa uma maneira de expressar a sua individualidade, dar corpo à sua imaginação e criatividade. No ínicio da década de 70, abre em Lisboa uma cadeia de lojas de importação de vestuário exclusivo, entitulada “A Maçã”. Mais tarde, decide lançar-se na criação de uma marca própria e abrir uma fábrica de confeção em Portugal — nasce assim a Harlow (1978), que mais tarde seria rebatizada com o seu nome. Ana Salazar era sinónimo de unicidade, destacando-se pela sua imagem, maquilhagem e cabelos, performativismo e detalhe.
O ano de 1985 significa o momento de internacionalização da marca, transportando Portugal até aos quatro cantos do mundo da moda, vindo a crescer até aos dias de hoje.
COUTINHO, Bárbara (2016). “Ana Salazar”, da colecção Designers Portugueses, volume 11.