Catálogo Exposição Design Português
A Cidade, figurino, 2010
Cristina Reis fez parte da primeira geração de designers portugueses com formação em design. Depois de terminado o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Cristina Reis partiu em 1966 para Londres, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, concluindo o curso de Arte e Design Gráfico, em 1970, no Ravensbourne College of Art and Design. Como ela, formaram-se em Londres, Alda Rosa, José Brandão, Sallete Brandão, Moura-George, Jorge Pacheco, entre outros.
Cristina Reis aprendeu e colaborou com os pioneiros do design em Portugal. Primeiro, com seu tio, o arquiteto e pintor Frederico George, grande defensor da afirmação do design como disciplina autónoma. E em segundo, trabalha com Daciano da Costa no seu ateliê entre 1960 e 1966, colaborando em vários projetos de desenho de interiores. Cristina Reis participou ainda ativamente na organização da 1a e da 2a Exposição de Design Português, respetivamente em 1971 e 1973.
Colaborou no levantamento e organização da emblemática exposição de 1971, em conjunto com José Maria Cruz de Carvalho, João Constantino, Eduardo Sérgio e José Santa Bárbara, com orientação de Maria Helena Matos e, em colaboração com Alda Rosa, elaborou ainda o respetivo catálogo, objeto de referência pelo design gráfico. Em 1973, colaborou, mais uma vez, sob a direção de Alda Rosa, na conceção gráfica do catálogo da 2a Exposição, mostra que teve projeto e direção de António Sena da Silva e da Cooperativa PRAXIS, liderada por Tomás de Figueiredo. Ainda antes da sua colaboração com o Teatro da Cornucópia, Cristina Reis integrou, entre 1974 e 1975, a cooperativa DEZ, que formou, entre outros, com José Manuel Ramada Leite, Rita Castro, Francisco Mapril, Armindo Robalo, Sena da Silva e Martins Barata, desenhando várias exposições para a indústria e para representações oficiais portuguesas organizadas pelo Fundo de Fomento de Exportação (atual AICEP).
Cristina Reis é um nome indissociável do Teatro da Cornucópia, a companhia fundada em 1973 por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo. É logo em 1975 que Cristina Reis inicia a sua colaboração com ambos os fundadores, começando um percurso de mais de 40 anos como cenógrafa, figurinista e designer gráfica da Cornucópia. A partir de 1980, após a saída de Jorge Silva Melo, Cristina Reis assume também a direção do Teatro, juntamente com Luís Miguel Cintra. Neste “projeto de vida”, Cristina Reis desenha a quase totalidade dos cenários, dos adereços de palco e dos figurinos, sendo também responsável pela imagem gráfica de cada peça, desenhando os catálogos, os programas e os outros suportes de comunicação da Cornucópia nos mais de 120 espetáculos levados à cena, seja no emblemático Teatro do Bairro Alto ou notras instituições do país, como o Teatro Nacional D. Maria II, a Culturgest, o Teatro São Luiz, o Teatro Rivoli ou o Teatro Nacional de São Carlos. É reconhecida a importância que os seus espaços, roupagens, adereços e imagens desempenharam na tradução formal e visual de cada dramaturgia do encenador Luís Miguel Cintra, e o papel decisivo que desempenharam na construção da identidade da companhia, tornando-se mesmo uma marca distintiva da Cornucópia.