Heyes começa por analisar a assunção de muitas teoristas de que género é um conjunto de relações hierárquicas entre sujeitos com géneros diferentes criticando as posições de escritoras feministas Janice Raymond e Bernice Hauman - que colocam apenas as mulheres transsexuais no domínio da patologia – defendendo que o livro Transsexual Empire de Raymond se tornou a arquetípica hostilidade de mulheres feministas cis-género contra mulheres transsexuais, cortando estas mulheres da experiência feminina, argumentando que transsexuais são um resultado da sociedade patriarcal, pois “são homens que negam o seu privilégio”. Dentro da mesma linha de pensamento, Hauman, enfatiza que a problemática transsexual só é possível devido aos avanços da tecnologia médica, estando estas mulheres inteiramente dependentes destes fatores para estarem de acordo com a sua expressão de género.
À luz destas ideias incisivas e divisórias, Heyes afirma que a hipótese da transsexualidade ser antifeminista nestes pontos de vista torna-se impossível de contestar, porque as suas defensoras consideram apenas um sujeito, que nomeia de women-identified women.
Ao não considerarem outras identidades e expressão de género, mulheres ferministas não-trans, falham em formar alianças, deixando as mulheres transsexuais expostas ainda mais a uma sociedade das quais já são alvo de grande ódio.
Assim, é patenteada uma perspetiva acerca da hostilidade entre feministas e mulheres trans, e em como estas podem convergir as suas lutas, sendo solidárias umas com as outras, indo a autora, além do preconceito de que mulheres transgénero são “pacientes” patológicos que dependem inteiramente de intervenção médica.
Cressida J. Heyes trabalha atualmente no departamento de Filosofia do Género e Sexualidade da Universidade de Alberta. A filósofa inglesa toma em consideração a existência de mulheres transgénero e o facto de muitas feministas consideram a existência destas mulheres como inválida, colocando em polos opostos as suas lutas.
J. HEYES, Cressida ,Feminist Solidarity after Queer Theory: The Case of Transgender