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Rafiki, frame

Sabemos que muitas das vezes a sexualidade da mulher é esquecida ou descartada como menos válida em relação à do homem, neste sentido, Rafiki fornece uma perspetiva refrescante daquilo que significa ser mulher e ter relações homoafetivas num país africano, completamente destruturado pelo seu colonizador. Para além disto, a longa metra- gem mostra também o machismo internalizado nos habitantes do Quénia e como isto está fortemente ligado com a religião católica.

Penso que o momento mais poderoso do filme é quando Kena e Riki são fortemente agredidas por homens da sua zona de re- sidência, alguns até amigos de Kena, após serem descobertas a beijar-se. A violência desta cena vai para além da natureza dos crimes homofóbicos e misóginos que presenciamos, tocando também a própria passividade de algumas mulheres que ficam apenas a observar a jovens amantes a serem alvo de fortes pancadas e pontapés, pelo simples facto de serem homossexuais.

Rafiki, relembra a existência de mulheres como Kena e Riki que vêm os seus direitos humanos violentados todos os dias, vivendo num clima de medo constante, num continente completamente destabilizado pela Europa patriarcal - seja pela legislação ou por atos atrozes de crimes de ódio - pois para além de serem mulheres são também “subversivas” às espectativas clássicas da família.

Rafiki acompanha a relação amorosa de Kena e Riki, duas jovens quenienanas, filhas de políticos locais que no momento em que ambas se conhecem se encontram numa disputa nas eleições que se aproxi- mam. Assim, somos levados pelo amor destas jovens até ao seu desfecho que, muito ao jeito das típicas tragédias clássicas, não acaba da melhor forma.

“Good Kenyan girls become good Kenyan wives”

Rafiki

'Cause baby you were born this way

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