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Neste sentido, Maria Idalina de Oliveira Valente explica como a situação da mulher angolana deve ser vista à luz de um desenvolvimento que engloba a pobreza, a fome, os recursos humanos, as instituições e o meio ambiente, aliado a um contexto histórico e político, bastante marcado pela colonização e pela guerra civil.
A globalização e as intensas migrações como consequência da guerra civil angolana, vieram acentuar a feminização da pobreza em angola, tendo consequências agravantes como a alta taxa de analfabetismo de 58%, dos quais 75% são mulheres, levando ao desemprego, à prostituição e à desintegração de famílias.
É alarmante como a situação da mulher rural e da mulher urbana é completamente dispare, sendo que pobreza atinge maioritariamente o primeiro grupo de mulheres. A falta de acesso a água potável (cerca de 65% da população não o tem), o não acesso a saneamento básico (75% da população não tem acesso) e o escasso acesso a serviços primários de saúde da mulher, contribuem para a fragilização da posição da mulher em Angola, acentuando o alto nível de mortalidade deste país.
Adicionalmente, apesar de nos agregados familiares se dar ênfase à mulher devido às tradições não-católicas, havendo mesmo inúmeras mulheres que assumem a chefia das famílias, a politica continua a ser um campo em que a presença da mulher angolana é escassa, pois ao ter sido algo transmitido e institutionalizado pelos colonizadores, existe uma elitização do próprio sistema politico democrático que foi desenhado por homens e para homens, que exploram todas as riquezas naturais e mão de obra do seu país.
Em termos legais, a mulher angolana não é protegida em situações de violência doméstica, violação e aborto. A própria estrutura familiar que é aceite é a família monogâmica, apesar de em Angola a poligamia ser bastante comum e culturalmente aceite.
A mulher em angola, encontra-se numa situação de extrema pobreza e de debilitação dos seus direitos básicos humanos. É imperativo refletir sobre como estas mulheres são as principais vitimas do colonialismo e do conflito armado que se seguiu à independência angolana.
O desenvolvimento de uma nação, inicialmente, era apenas visto como um desenvolvimento económico, descartando-se de forma sistemática todos os fenómenos humanos, sociais, políticos e ambientais, nesta amalgama daquilo que se considera o desenvolver de um país.
VALENTE, Maria Idalina de Oliveira, ‘A Situação da Mulher em Angola’
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